sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago



Depois de alguns anos de resistência à sua obra, houve um dia em que decidi dedicar-me ao Memorial do Convento e logo no fim das primeiras páginas começou a ser díficil parar...
Fiquei completamente rendida àquele universo maravilhosamente descrito.
Assim como jamais irei esquecer o prazer de ir descobrindo o Baltasar Sete-Sóis, homem simples e pragmático e Blimunda, dotada de poderes invulgares, que conseguia ver o interior das pessoas em jejum.
De todos os livros que li, o Ensaio sobre a Cegueira foi talvez o mais marcante, devido ao sofrimento que acompanha toda a narrativa, do ínicio ao fim. Esse livro ilustra magnificamente a forma como o ser humano em situações limite se pode transformar e ser capaz de cometer as maiores atrocídades, dependendo das circunstâncias.
Uma metáfora transversal e universal à qual ninguém consegue ficar indiferente.

''Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto quanto eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.''

De José Saramago guardo, entre outras coisas, os livros, a memória da fascinante descoberta do seu estilo tão peculiar em que o ponto de interrogação e outros sinais de pontuação foram substituídos pela vírgula e em que o ínicio das falas era apenas assinalado pelas maiúsculas, sem esquecer o prazer inigualável que as leituras dos seus livros me proporcionaram.






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